Durante a sessão da Câmara Municipal de Feira de Santana, o vereador Silvio Dias utilizou a tribuna para defender a importância do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, agora feriado nacional. A fala ocorreu após debate no plenário, motivado por declarações do vereador Edvaldo Lima, que classificou a data como um “feriado racista”.
Silvio Dias fez uma contextualização histórica sobre o período da escravidão no Brasil e afirmou que o dia 20 de novembro cumpre papel fundamental na preservação da memória e no reconhecimento das lutas da sociedade pela igualdade racial.
“O dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é o dia onde a gente rememora os quatrocentos anos de escravidão pelos quais passaram o Brasil, onde o povo negro sofreu na pele as dores físicas da escravidão. Foram retirados de sua terra natal e trazidos para cá, submetidos ao trabalho forçado e todas as condições sub-humanas existentes, inclusive, com ação direta no psicológico. É inacreditável imaginar que o direito a alma foi negado a esse povo, pois naquela época o negro era considerado sem alma, uma tentativa de animalizar o povo negro os tornar propriedade assim como um boi ou um cavalo e isso perdurou por 400 anos”, diz o vereador.
Ele também destacou que, mesmo após a abolição formal da escravidão, persistiram formas de exclusão que impediram o acesso da população negra a direitos básicos de cidadania. Ele ressaltou avanços recentes das políticas de promoção da igualdade racial, citando medidas implantadas como ações afirmativas, políticas de cotas e o reconhecimento do 20 de novembro como data nacional de referência.
Ao final da escravidão do Brasil, iniciou-se outro tipo de escravidão, a escravidão social, onde o negro não tinha acesso a cidadania em pleno direito. Já no início dos anos de 1900, nem ao voto, os negros os negros tinham direito. O 20 de novembro é para isso, para relembrarmos tudo que aconteceu e comemorar a passagem disso, através de ações de reparação, principalmente, que vieram a partir dos anos 2003/2004, a partir dos governos do Partido dos Trabalhadores. Ações como cotas, inclusive ações como o reconhecimento do 20 de novembro como feriado nacional. É esse reconhecimento que precisamos, que comemora os avanços, mas reconhece que ainda há muito o que conseguir em busca da igualdade racial em nosso país. Uma cidade negra como Feira de Santana, infelizmente, inclusive aqui nessa casa, as falas de alguns vereadores, temos ações racistas”, explica.










