A jornalista russa exilada que protestou ao vivo na televisão estatal contra a operação na Ucrânia foi condenada nesta quarta-feira, 4, a oito anos e meio de prisão à revelia pela acusação de divulgar “falsidades” sobre o Exército, anunciou a Justiça de Moscou.
Marina Ovsiannikova, de 45 anos, exibiu um cartaz durante um programa de notícias vespertino em março de 2022, mas foi condenada por outro protesto que protagonizou diante do Kremlin em julho do mesmo ano.
“O tribunal condenou Ovsiannikova a oito anos e seis meses de prisão que devem ser cumpridos em uma colônia penal”, afirmou o MP de Moscou.
Julgada à revelia, Ovsiannikova deixou a Rússia em outubro de 2022, depois de fugir da prisão domiciliar em que estava com a filha de 11 anos.
Em um comunicado publicado antes da divulgação da sentença, ela afirmou que as acusações eram “absurdas e tinham motivação política”.
“Decidiram me atacar, porque não tenho medo e chamo as coisas por seus nomes”, disse.
“Óbvio que não admito minha culpa. Não nego nenhuma de minhas palavras. Tomei uma decisão muito difícil, mas a única moralmente correta em minha vida, e já paguei suficientemente alto por isso”, acrescentou.
Desde que a Rússia deflagrou a operação contra a Ucrânia no ano passado, as autoridades iniciaram uma campanha de repressão sem precedentes contra os dissidentes, com detenções, ou multas, contra pessoas contrárias ao conflito.