Com o apoio direto da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores do Brasil (CONAFER), a Secretaria de Agricultura, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Rural (Seagri) de Feira de Santana está colocando em prática a primeira etapa de um programa de melhoramento genético via inseminação artificial para 800 matrizes de bovinos, caprinos e ovinos pertencentes a pequenos criadores. O engenheiro Alexandre Silva Monteiro, titular da pasta, acredita em um impacto positivo muito grande para os ruralistas contemplados com o programa, já que a meta é aumentar a produção de leite e carne em curto prazo.
A CONAFER fornece o sêmen de animais importados de alta procedência, garantindo a melhoria genética do rebanho existente, no caso dos bovinos de origem mista — geralmente das raças Nelore (carne) e Gir (leite). Dentro de um ano, aproximadamente, os primeiros resultados começarão a ser observados com o nascimento de animais oriundos do processo de inseminação. Maior carcaça para o gado de corte vai representar mais carne, enquanto o gado leiteiro terá aumento na produção de leite, o que, do mesmo modo, determinará um ganho financeiro para o pequeno criador rural, praticante da agricultura familiar.
O projeto da Secretaria de Agricultura com a CONAFER inclui cursos que deverão capacitar os criadores na produção de derivados lácteos, como iogurte, doces e requeijão, e, no caso de carne, embutidos e defumados, ampliando os ganhos com a atividade. A segunda etapa do projeto contemplará mais 800 animais, totalizando 1.600. Para a execução plena do melhoramento genético dos rebanhos bovino, caprino e ovino, a Secretaria de Agricultura desenvolve um trabalho amplo a partir da localização e identificação da propriedade, verificação da sua estrutura, se a área é cercada, se tem pasto e se dispõe de um tronco. Se não tiver, verifica-se a possibilidade de utilizar o tronco da propriedade vizinha.
Os animais não podem estar muito magros. Precisam estar vacinados (todas as vacinas pertinentes) e vermifugados. Sem esses requisitos, o programa de melhoria genética não pode ser executado. Tudo isso é feito mediante o diagnóstico cadastral. Alexandre Monteiro acredita que o processo trará ótimos resultados para os rebanhos que serão beneficiados com a elevação do padrão genético, mas mantendo a rusticidade natural existente no plantel.
A primeira etapa desse projeto de melhoramento genético ocorre nos distritos de Maria Quitéria, Tiquaruçu, Humildes e Bonfim de Feira e, logo após, a partir da próxima semana, provavelmente, será levado a Jaíba, Matinha, Ipuaçu e Jaguara. Todo o trabalho deve demorar 60 dias, estima o secretário.
Diante das necessidades apresentadas pela população rural, estimada em 38 mil pessoas, o secretário de Agricultura volta-se para ações macro, que têm merecido elogios. Fortalecido com o mérito da exitosa Exposição Agropecuária de Feira de Santana (Expofeira), realizada no mês de setembro, ele coloca em ação o Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, a partir da ativação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, já existente, mas sem atuação.
Como prioridade, aparece o abastecimento de água dos oito distritos, cada um com suas singularidades, mas igualmente dependendo do produto no dia a dia para apressar o desenvolvimento. O abastecimento através de carros-pipa, além de obsoleto, às vezes pode ganhar componente político, tornando-se necessária a implantação de um sistema de abastecimento que possa contemplar regularmente todos os oito distritos, do mais próximo ao mais distante, no caso, Jaguara.
O secretário de Agricultura relata que a execução desse projeto requer, inicialmente, um estudo hidrogeológico, trabalho ainda inédito, já que há regiões com água de boa qualidade e outras com água salobra. Do mesmo modo, é necessário conhecer o potencial do veio, a profundidade e outros detalhes técnicos que só o estudo hidrogeológico pode conceber. Um relatório específico deverá ser elaborado para cada um dos oito distritos.
Todavia, mesmo com a utilização dos carros-pipa, que é o recurso disponível, o abastecimento da zona rural agora atende a uma nova sistemática, mediante estudos com base no número de moradores de cada casa e o consumo médio por dia. Feito isso, o abastecimento ocorre dentro de determinado período, e a reposição também atenta ao calendário. O sistema vem respondendo satisfatoriamente, alentando o pequeno produtor.
O secretário de Agricultura, Alexandre Monteiro, tem na pauta outras ideias importantes para colocar em prática, dentre elas uma relacionada ao modelo da agricultura tradicionalmente praticada na região, que ele entende como ineficiente e incapaz de resultar para o trabalhador rural. Alexandre garante que cultivar feijão e milho, mesmo quando não há prejuízos causados pelas variações climáticas, significa perder tempo e dinheiro. A introdução de novas espécies, já catalogadas por ele e que tendem a ser muito mais rentáveis, pode ser a solução.