Número de brasileiros viajando atinge seu melhor resultado desde a pandemia, aponta IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (13) os dados referentes a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) – Turismo 2023 que apontam para um aumento significativo no número de brasileiros que voltaram a viajar desde o fim da pandemia de covid-19.

Segundo matéria do Estadão, no ano de 2023, foram realizadas 21,1 milhões de viagens, um salto de 71,5% ante o registrado em 2021, em meio à crise sanitária. Em 2019, o número de viagens realizadas pelos moradores foi estimado em 20,934 milhões, incluindo destinos nacionais e internacionais. Em 2020, já sob o choque da crise sanitária, esse montante desceu a 13,578 milhões, caindo para 12,3337 milhões em 2021.

Em 2023, com o fim da emergência sanitária, o número de viagens saltou a 21,058 milhões. A pesquisa não foi realizada em 2022, por um problema no convênio com o Ministério do Turismo, que viabiliza a realização do levantamento, explicou o IBGE.

“É importante ressaltar que os anos de 2020 e 2021 foram marcados pela pandemia de covid-19 e, portanto, os resultados podem refletir uma mudança de comportamento em decorrência das restrições impostas pela crise sanitária. Portanto, o ano de 2023 traz os primeiros resultados após a pandemia”, ressaltou o IBGE.

A proporção de domicílios brasileiros em que algum morador viajou também recuperou-se em 2023 com 19,8%, melhorando das quedas registradas desde 2020 quando caiu para 13,9% e recuou ainda mais em 2021 indo para 12,7%. Ou seja, apesar do aumento na demanda, ninguém viajou no ano passado em 80,2% das casas brasileiras, o equivalente a 62,1 milhões de lares sem qualquer viajante.

Falta dinheiro

A movimentação no mercado de viagens, seja no aumento ou decréscimo, está relacionado com a situação de renda disponível nas famílias brasileiras. Em 2023, no grupo de domicílios com rendimento domiciliar per capita de quatro ou mais salários-mínimos, 46% registraram viagem de algum morador.

Por outro lado, no grupo de domicílios com rendimento domiciliar per capita menor que meio salário-mínimo, apenas 11,6% registraram alguma viagem de morador. “Apesar da melhora em relação aos outros anos da pesquisa, em quase 90% dos domicílios nesta faixa de rendimento per capita (mais baixa) não houve ocorrência de viagem”, apontou o IBGE.

É justamente a falta de dinheiro que age como principal fator para a ausência de viagens, mencionado por 40,1% dos domicílios em 2023. Outras justificativas apontadas para a ausência de viagens foram a falta de necessidade de viajar (mencionada por 19,1% dos lares sem viagens em 2023); falta de tempo (17,8%); falta de interesse (9,1%); não ser prioridade (7%); e problemas de saúde (3,9%).

Turismo x trabalho

A finalidade da viagem, se pessoal ou profissional, oscilou em patamares semelhantes ao longo dos últimos anos, encerrando 2023 com 85,7% delas de caráter particular e 14,3% profissionais. Entre as viagens realizadas com finalidade pessoal, o lazer foi o principal motivo apontado (38,7%), seguido por visita ou evento de familiares e amigos (33,1%). A busca por sol e praia respondeu por 46,2% do total das viagens de lazer.

Entre as viagens profissionais, 82,4% delas eram para negócio ou trabalho e 11,6% foram para eventos e cursos para desenvolvimento profissional. A predominância em 2023, porém, foi de viagens feitas em caráter doméstico com 97%, com localização em sua maioria para um destino nacional, 20,418 milhões. As demais 3%, o equivalente a 641 mil viagens, foram internacionais.

“O ano de 2023 apresentou mais que o dobro de viagens com destino internacional quando comparado com o ano de 2020 (276 mil viagens) e mais de sete vezes o número observado em 2021″, observou o IBGE.

Regiões e Gastos

Entre as regiões brasileira, a Sudeste foi a que originou mais viagens em 2023, sendo 45.9%, seguida pelas Regiões Nordeste (22,0%), Sul (17,1%), Centro-Oeste (8,2%) e Norte (6,8%). Com relação ao destino, a distribuição foi similar: Sudeste (43,4%), Nordeste (25,3%), Sul (17,4%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (6,4%).

 
Os gastos totais em viagens nacionais com pernoite no Brasil alcançaram mais de R$ 20,0 bilhões em 2023, 78,6% a mais que o estimado em 2021. Nas viagens com destino à Região Sudeste, o gasto total foi de R$ 8 bilhões, seguido do Nordeste (R$ 6,4 bilhões), Sul (R$ 3,4 bilhões), Centro-Oeste (R$ 1,5 bilhão) e Norte (R$ 839,0 milhões). O gasto médio dos moradores dos domicílios com pernoite em viagens nacionais subiu de R$ 1.525 em 2021 para R$ 1.639 em 2023.

“A recuperação do turismo em 2023 reflete uma adaptação pós-pandemia, indicando uma demanda reprimida que pode impulsionar o setor se for bem explorada”, afirmou o IBGE.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil