PMs e ex-agentes presos por extorsão e sequestro executaram tio e sobrinho, aponta investigação

Os dois policiais militares e um ex-agente presos em uma operação na na manhã desta quinta-feira (29) decidiram executar dois homens no quilombo Quingoma, em Lauro de Freitas, após as famílias das vítimas não pagarem os valores exigidos para libertá-los. A informação foi confirmada pelo delegado Thomas Galdino, diretor do Deic (Departamento Especializado de Investigações Criminais).

Os três são investigados por práticas de extorsão mediante sequestro e apontados como autores da morte de Joseval Santos Santos e Jeferson Sacramento Santos, tio e sobrinho, no mês passado. À época, parentes de ambos procuram a polícia para comunicar o sumiço.

Dentre os presos estão um soldado e um capitão da ativa. Os nomes deles não foram divulgados.

Tio e sobrinho tinham envolvimento com o tráfico de drogas e foram sequestrados em uma rua dentro da comunidade em que moravam.

“As investigações iniciaram após familiares de duas vítimas relatarem o desaparecimento no dia 11 do mês passado. Segundo eles, os investigados pediram valores para liberação, e no dia seguinte, os dois sequestrados foram encontrados mortos”, disse o delegado Thomas Galdino.

“Nós acompanhamos as negociações, e conseguimos identificar esses indivíduos que praticaram esse crime, que é hediondo, e hoje culminou com a prisão deles”, acrescentou o delegado.

Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária nos bairros de Brotas, Nova Brasília, Itapuã. Em Lauro de Freitas, as diligências ocorrem no bairro do Caji.

Na ação, fora, apreendidos veículos e armas utilizados no crime —pistolas calibres 9 mm e .380, celulares, um revólver 357, munições, um carregador de fuzil 7.62 e R$ 1.858 em espécie.

O armamento não tinha registro legal, de acordo com a polícia.

O material passará por perícia, enquanto a origem do dinheiro será investigada.

A suspeita, no entanto, é que o trio preso integre uma organização criminosa com a possível atuação de mais integrantes. “Existem, sim, indícios”, afirmou o delegado Adailton Adan, também à frente do caso.

Os três investigados seriam ouvidos e posteriormente transferidos para o Batalhão de Polícia de Choque, em Lauro de Freitas.

Polícia Militar diz ter compromisso com “transparência e a ética”

Procurada pelo bahia.ba por meio de sua assessoria, a Polícia Militar disse, que, sempre que cientificada, apura as denúncias referentes a fatos de que integrantes da corporação sejam acusados.

De acordo com a corporação, as apurações conduzidas pela instituição não excluem as investigações que sejam feitas ou que tenham sido iniciadas por outros órgãos, com as eventuais responsabilizações nas esferas administrativa e penal.

“A PMBA reafirma seu compromisso com a transparência e a ética, garantindo que não serão toleradas ações que comprometam a confiança e o respeito da população”, afirmou em nota.

Sob comando do Deic (Departamento Especializado de Investigações Criminais), a operação foi deflagrada por meio da Coordenação de Operações e da DAS (Delegacia Antissequestro), com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.

Foto: Poliana Lima/Ascom/Polícia Civil