Conheça líder religioso preso por suspeita de crimes sexuais na BA

Preso por suspeita de cometer crimes de importunação, abuso e violação sexual, o líder espiritual Kléber Aran Ferreira da Silva dizia incorporar o espírito do médico alemão Adolph Fritz em seus atendimentos. O líder religioso chegava a falar com sotaque estrangeiro durante os chamados momentos de cura. 

Nas redes sociais, o suspeito se apresentava como “eleito três vezes como o maior paranormal da América do Sul”. Ele também diz ser médium de efeito físico, terapeuta holístico e reiki 7º nível.

O suspeito é líder religioso do Templo Ecumênico Amor Supremo, localizado no bairro da Pituba, em Salvador, há 27 anos. Além disso, ele frequentemente faz atendimentos em outras cidades, como São Luís, no Maranhão, Manaus, no Amazonas, e Maceió, em Alagoas.

Em todos os atendimentos de cura espiritual, o suspeito dizia incorporar o espírito de Dr. Fritz. Contudo, não há indícios que o médico alemão tenha de fato existido. Há anos, pessoas que fazem cirurgias espirituais dizem incorporar o espírito deste mesmo homem.

Através das redes sociais, o líder religioso vende o curso “Despertando a Intuição: Uma Jornada para o Crescimento Pessoal e Profissional”, que custa R$ 197.
 

“Ao adquirir este curso de crescimento pessoal e profissional com Mesttre Aran, você não apenas aprimora suas habilidades intuitivas, mas também se torna um agente de mudança na vida das pessoa”, diz a descrição do curso.
 

Prisão em Salvador
 
Kléber Aran foi preso durante um evento aberto ao público, em que seriam realizadas supostas cirurgias e tratamentos espirituais. Conforme a polícia, o homem é investigado por delitos cometidos contra três mulheres.

O mandado de prisão preventiva expedido pela 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Salvador foi cumprido por equipes do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV) da Polícia Civil no bairro da Pituba, onde fica o templo do Amor Supremo.
  
 

Histórico
 
 
Em setembro do 2020, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) recebeu relatos de quatro pessoas, das quais três eram mulheres, todas da capital baiana. Na época, a defesa de Kléber Aran disse que as acusações eram falsas.

Em abril de 2021, o MP-BA cumpriu mandados de busca e apreensão na “Operação Cristal”, uma ação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e da 24ª Promotoria de Justiça de Salvador. O objetivo era complementar as provas dos crimes relatados pelas vítimas.

Na ocasião, o MP-BA divulgou que as vítimas eram levadas a participar de rituais supostamente religiosos, mas que serviam, na verdade, para “satisfação dos desejos libertinos” do líder religioso. O órgão detalhou que o suspeito conseguia o silêncio das pessoas através de ameaças à integridade física e mental.

Durante as investigações, as vítimas mostraram áudios extraídos de conversas no celular. Nas mensagens, o suspeito criava a ilusão que as vítimas “teriam sido escolhidas para serem as guardiãs do Cristal”.

Ainda conforme informações do MP, essas pessoas eram cercadas de uma atmosfera de confiança e apreço, levadas a acreditar que a conduta do investigado partia de necessidades espirituais.

Após a concretização dos crimes, ele submetia as mulheres a “situações de humilhação e subserviência, permeadas por forte violência espiritual, psicológica, sexual e até financeira”.

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