Pouco mais de dois dias depois de frear uma tentativa de golpe militar na Bolívia, o presidente Luis Arce aparenta estar calmo. Da Casa Grande do Povo, a sede do Executivo local, ele concede esta entrevista que dá o tom dos desafios nos quais seu país está mergulhado. A informação é de uma matéria da Folha de São Paulo. Lucho, como é conhecido, expressa insatisfação com seu padrinho político e hoje grande desafeto, Evo Morales. Questionado, afirma que o histórico líder tem tentado boicotar seu governo e crê ser dono da política. Evo quer concorrer para um quarto mandato em 2025, ainda que, constitucionalmente, não possa, aponta a Folha.
“Para nós, como governo, o verdadeiro dono do instrumento político são as organizações sociais que o fundaram. Mas para ele, não: ele é o dono e ele quer construir com base em sua figura o instrumento”, diz.
Ainda segundo a Folha de São Paulo, Arce desconversa quando questionado se pretende concorrer à reeleição —seus aliados próximos dizem que o fará. Sobre o lítio, joia energética no subsolo boliviano, afirma que aprendeu uma lição com o passado regado às riquezas, hoje escassas, do gás: não pode ser a única riqueza.
“O governo nacional está empenhado em diversificar nossa economia. Durante muitos anos foi exclusivamente dependente do preço do gás. Conosco não vai ser assim”, afirma. Vale lembrar que Arce foi ministro da Economia de Evo por mais de uma década.
Diz ainda que a industrialização do país desperta a ira de inimigos domésticos e internacionais, mas não esclarece a quem se refere, completa a Folha.